Leitores,
Sempre que,
durante a minha carreira apostólica, me foi dado dirigir a palavra a uma
assembleia de homens, nunca, no meu coração, a alegria dominou facilmente o
temor. Falar a homens é falar a reis, dizia eu comigo; e esta consideração
tinha força bastante para perturbar o meu recolhimento. Ora, os sentimentos que
então experimentava, são os mesmos que sinto ao oferecer-vos este pequeno livro.
Se às vezes, portanto, ele se mostrar demasiado severo, é mais por conservar o
seu leitor despertado, que não por lhe faltar ao respeito.
[...]
Tenho em grande
estima a coragem cívica, a amizade e a honra; e nunca poderia compreender que a
piedade, para ser verdadeira, deva atrofiar o coração e fazer abdicar a razão.
Prefiro um homem honrado sem escapulário a um hipócrita que reza o seu rosário;
mas a um e outro prefiro aquele que sabe ser a um tempo leal e cristão.
Respeito todas as convicções sinceras, mas aborreço o espirito de partido que aprova tudo em seus corifeus, até o mal, e
ultraja tudo em seus adversários, até o bem.
[...]
Tem-se dito dos
homens de nossos dias «que eles não leem mais que as enciclopédias e os jornais
que lhes dão a ciência a retalho e a presunção por junto». Os dez mil
exemplares esgotados deste livro são uma refutação peremptória desta calúnia.
Provam que, se
os nossos amados contemporâneos sabem mostrar-se enérgicos para reivindicar
seus direitos, sabem também mostrar-se benévolos para com aqueles que lhes
recordam seus deveres.
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ÍNDICE
Prólogo
Do Autor
Capítulo
I — Que me importa?