06 setembro, 2011

Meditações sobre os sofrimentos de Nosso Senhor

Composto pelo Venerável Fr. Thomé de Jesus
Livro de 1866 - 792 págs


Apresentação da obra “Trabalhos de Jesus

Fr. Tomé de Jesus nasceu em 1529, em Portugal. Com apenas 10 anos de idade seu pai o entregou a um célebre sacerdote de então, o agostiniano Fr. Luis de Montóia, para que o educasse santamente. Sob a direção deste, Tomé também se fez religioso agostiniano, bem cedo. Foi sempre um modelo de virtudes, tanto que não tardou a ser nomeado mestre de noviços. Muito dado à oração e à leitura espiritual, gastava nesses piedosos exercícios a maior parte de seus dias e de suas noites. Sendo criticado por outro religioso, sua vingança foi sair a pedir esmolas para socorrer os parentes pobres deste. E como lhe perguntassem como podia fazer tanto bem a quem lhe magoava, respondeu que “não se há de reparar em merecimentos para fazer bem, pois Nosso Senhor nos faz inúmeras mercês sem que as mereçamos”.

Gostava de entreter amizade com pessoas espirituais, mantendo contato inclusive com um famoso mestre de espiritualidade de então, o Padre Luis de Granada. Visitava com muita freqüência os enfermos, preparando-lhes até mesmo alguns xaropes e remédios com grande proveito deles, pelo que conta-se que até alguns médicos vinham pedir-lhe sugestões para seu ofício. Tornou-se, aos poucos, bastante conhecido em Portugal, como homem de Deus. Por isso, quando o Rei Dom Sebastião resolveu partir para a África a combater os muçulmanos, isso no ano de 1578, mandou chamar Fr. Tomé para acompanhar o exército como um dos capelães. Todavia, como disse Gustavo Corção, “o mistério das permissões divinas nos traz vertigens”... A batalha em questão foi uma das mais desastrosas da história: Dom Sebastião foi morto, e sem deixar herdeiros, pelo que pouco tempo depois Portugal perderia sua soberania e acabaria anexado à Espanha.

No meio do confronto com os infiéis, Fr. Tomé permanecia segurando alto um crucifixo nas mãos, exortando os soldados a lutarem e morrerem bravamente pelo bem da cristandade, quando, de repente, uma lança o atingiu no ombro, derrubando-o ferido e a sangrar, após o que outro muçulmano o prendeu e por fim o levou para uma certa cidade africana. Ali, Fr. Tomé foi vendido como escravo a um marabuto, isto é, uma espécie de líder religioso muçulmano, que o comprou precisamente para fazê-lo apostatar da fé cristã.

Primeiro, o marabuto tratou-o muito bem, para seduzi-lo dessa forma. Mas vendo que por aí nada conseguia, passou então a maltratar duramente o pobre Fr., chegando a prendê-lo com correntes e algemas e trancá-lo despido numa áspera cela, onde de ordinário lhe dava mais açoites do que alimento. Tudo isso por o Fr. se negar a abandonar a santa fé católica. Entretanto, de alguma maneira, Fr. Tomé conseguiu papel e pena e pôs-se a passar o tempo escrevendo meditações sobre os sofrimentos de Cristo. Precisava escrever em segredo, escondendo bem os manuscritos, de modo a não ser descoberto pelo marabuto. A cela era muito escura, só entrando nela um pequeno raio do sol – a única luz de que o Fr. dispunha para escrever.

O resultado foi o livro “Trabalhos de Jesus”, que agora temos a honra de disponibilizar no presente blog. São meditações sobre os sofrimentos padecidos por Nosso Senhor desde o começo de Sua vida terrena até a consumação de Sua Paixão. Um total de 52 meditações, divididas cada uma em duas partes: na primeira se dirige à inteligência, propondo reflexões; na segunda, à vontade, propondo santos afetos, preces e propósitos.


Fr. Tomé só pôde enviar o livro para a impressão depois que um embaixador de Portugal conseguiu negociar com o governante muçulmano daquele lugar, o qual aceitou tirar o Fr. das mãos do marabuto e encaminhá-lo para uma escravidão mais branda. Assim, é que Fr. Tomé acabou indo parar em Sagena, onde já estavam cerca de dois mil cristãos escravizados, entre os quais o Fr. realizou um fervoroso apostolado, fazendo do cárcere uma capela. Apesar de prisioneiro, não deixava de discutir com os muçulmanos, a fim de refutar-lhes os erros de sua falsa religião – expondo-se, assim, até ao risco de ser morto por eles. As crônicas relatam que também com judeus ele disputava doutrinariamente, chegando a escrever um tratado apologético contra o judaísmo. Os amigos de Fr. Tomé estiveram a ponto de conseguir de Filipe II, então senhor de toda a península ibérica, que pagasse o resgate do Fr.. Mas Fr. Tomé não consentiu em ser libertado, querendo ficar até ao fim junto dos demais cristãos prisioneiros. Ao todo foram quatro anos de cativeiro, desde a fatídica batalha de Álcacer-Quibir, até sua santa morte, em 17 de abril de 1582, com 53 anos de idade. A notícia de sua morte demoraria seis meses para chegar a Portugal, mas no mesmo dia em que ela ocorreu uma religiosa agostiniana recebeu uma revelação celeste do ocorrido e o comunicou a seu confessor, acrescentando grandes louvores da paciência do servo de Deus.

Publicado várias vezes no decurso destes quatro séculos, o livro dos “Trabalhos de Jesus” constitui uma obra prima da espiritualidade católica. É como uma espécie de monumento, digamos assim, erguido em homenagem à Paixão do Senhor por uma alma que padecia imensamente pela Fé no momento mesmo em que escrevia. Recomendamos a leitura dessas páginas a todos quantos queiram progredir no amor a Nosso Senhor. Sabe-se o quanto os Santos têm recomendado a meditação sobre os sofrimentos do Redentor. Santo Agostinho chegou mesmo a dizer que uma só lágrima derramada na consideração da Paixão do Senhor tem mais mérito do que uma semana inteira de jejum a pão e água. São Boaventura dizia que quem quisesse progredir realmente no amor divino, precisaria meditar sem cessar nos sofrimentos de Jesus Cristo. Santo Afonso de Ligório prescreveu a seus religiosos pelo menos meia hora de meditação sobre a Paixão todos os dias do ano. Já São Paulo da Cruz, fundando uma Congregação precisamente para propagar a devoção à Paixão, marcou para seus religiosos nada menos que três horas diárias de meditação sobre a mesma. Ora, as meditações escritas pelo Fr. Tomé prestam-se muito bem para nos exercitarmos também nós no culto aos sofrimentos do Salvador. Faria bem, por exemplo, quem a cada sexta-feira lesse uma delas, em honra da Paixão do Senhor nesse dia ocorrida. E quem as propagasse estaria prestando um grande serviço às almas. O Eterno Pai saberá pagar muito bem àqueles que assim honrarem o Sacrifício de Seu adorável Filho, o Cordeiro Imaculado, cujo Sangue foi o preço da nossa salvação.

6 comentários:

Moniqie disse...

Mais uma vez muito obrigada, tenho baixado vários livros e cada um é tão maravilhoso quanto o outro, vou baixar este também, nunca cansarei de lhe agradecer o maravilhoso blog que vc tem aqui.
Abraços, Monique.

CrisTan disse...

Olá, Monique!

Fico muito feliz por receber seus comentários e ver que você está aproveitando tudo que pode por aqui.

Aproveito então para lhe pedir que reze por mim e por este apostolado!

Forte abraço,
Saudações!

Willamy Fernandes disse...

Olá, prezados. Infelizmente o link para download desse livro não está funcionando. Vocês poderiam atualizá-lo? Muitíssimo obrigado!

CrisTan disse...

Salve Maria, Willamy!

Link retificado!

Saudações!

da silva nunes disse...

Grande favor à última flor do Lácio faria, o redator da Apresentação da obra “Trabalhos de Jesus”, se expurgasse do texto o termo "frei", sempre que desacompanhado do nome do Venerável Tomé de Jesus, frade agostiniano. Frade é como se deve dizer e escrever, quando não se declina o nome do religioso, e nunca, jamais, frei. O professor Napoleão Mendes de Almeida é categórico: "A língua é a mais viva expressão da nacionalidade. Saber escrever a própria língua faz parte dos deveres cívicos". Por favor, respeite o nosso idioma. O modernismo até em gramática é lastimável.

Alexandria Católica disse...

Salve Maria, Sr. Roberto!

Agradeço o comentário.

Só gostaria de citar q o referido livro é de Portugal... mas retifiquei para que não haja problemas.

Saudações!

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