Pe. André Beltrami, S.D.B.
Livro de 1938 - 112 págs
Livro de 1938 - 112 págs
[...] A oração, o jejum e a esmola foram sempre consideradas as obras mais agradáveis a Deus e mais próprias para merecer a sua graça. Por isso é que a Sagrada Escritura as recomenda continuamente e no Antigo e no Novo Testamento. Deixando agora a oração e o jejum, para falar da esmola [...]
CAPÍTULO
II
UM
BANCO INFALÍVEL
Ha, porém, um banco infalível, no qual
deveriam pôr seus capitais todos os cristãos, certos de que se locupletarão no tempo
e na eternidade, na terra e no céu. Esse banco conta já milhares de anos de
existência e nunca abriu falência, e temos firme certeza que há de durar até o
fim do mundo. As pessoas sábias e previdentes, que pensam, seriamente nos seus
verdadeiros interesses, sempre confiaram a ele os seus bens e dele tiraram
riquezas inexauríveis. Moisés recomenda este banco ao seu povo em muitíssimos
lugares de sua lei; e a maior parte dos livros do Antigo Testamento o exalta
com louvores magníficos. O livro de Tobias parece escrito unicamente para
demonstrar a sua utilidade, a sua grandeza, as vantagens imensas que traz
consigo; e um Anjo descido do céu tece-lhe o mais belo elogio, recomendando-o a
todos.
Jesus Cristo, vindo à terra, falou muitas
vezes de tal banco, altamente e encomiou e o propôs aos seus sequazes.
Mas, que banco misterioso é esse? Os
nossos corteses leitores já adivinharam; esse banco privilegiado é a
esmola.
O próprio Deus, criador de todas as coisas,
senhor de todo o ouro do mundo, é o banqueiro, que não pode falir, e é fiel a
pagar os juros. Os agentes do banco são os pobres, que recebem em nome dele.
Tudo quanto damos aos necessitados para aliviá-los nas suas misérias, em
dinheiro, alimento, vestiário ou abrigo, é como se o déssemos ao mesmo Deus. Os
pobres são uma continuação, uma imagem real, um retrato perfeito de Jesus
sofredor, o qual é honrado e servido na pessoa deles. Nosso Senhor considera
feito a si mesmo tudo quanto fazemos em favor dos pobres. Até o copo d'água
dado em seu nome ao sedento terá recompensa. O Divino Redentor repetiu muitas vezes
esta confortadora doutrina, que o pobre é seu representante na terra. Na
descrição do Juízo Universal ele a tornou óbvia e familiar com um diálogo que
vale por um tratado e contém a mais alta filosofia.
No dia em que os homens deverão dar
contas das riquezas que Deus lhes colocou nas mãos, Ele dirá com ar de júbilo
aos eleitos: — «Vinde, benditos de meu Pai, vinde possuir o reino que vos está
preparado desde o início dos tempos. Pois que, eu tive fome e vós me destes de
comer; eu tive sede e vós me destes de beber; andava peregrino e me destes
pousada; estava nu e me destes de vestir; estava enfermo e me visitastes;
estava preso e me consolastes». Admirados de tal modo de falar, dirão os
justos: — «Quando vos vimos faminto, sedento, peregrino, nu, enfermo e preso, e
fomos em vosso socorro? E responderá Jesus: — «Tudo o que tendes feito aos
pobres, eu o considero feito à minha pessoa».
Voltando-se depois para os maus, os exprobrará
por terem-no desprezado nos pobres, afirmando que todas às vezes que negaram
uma esmola aos necessitados, fizeram uma injúria a Ele.
Os pobres são, pois, os agentes do banco
divino, que recebem os capitais, em nome de Deus; e o que depusermos em suas
mãos será entregue a Jesus Cristo, que nos recompensará nesta vida e na outra.
O nosso bom Anjo da Guarda, à guisa de fiel secretário, toma nota das esmolas e
das obras de caridade que fazemos.
Ora, se esta é a verdade, porque não pomos
os nossos capitais nesse banco? Deus, que é o banqueiro, pode talvez falir? Ele
que é o Senhor do mundo, que depositou o ouro e os diamantes nas entranhas das
rochas e no seio dos montes, pode talvez tornar-se pobre e nos arrastar à
miséria, como fazem os banqueiros deste mundo? Não. Ele é infalível e nos
enriquecerá no tempo e na eternidade.
~ * ~
Excertos
Como eram belos os primeiros
tempos do Cristianismo, quando o supérfluo era entregue aos Apóstolos para ser
distribuído ás viúvas, aos órfãos e a todos os necessitados! quando a multidão
dos crentes formava um só coração e uma só alma para amar e servir a Deus!
Podem aqueles belos tempos voltar e o
meio para isso é a caridade, é a esmola, é a guerra à avareza e ao egoísmo
individual.
Demos esmola, e seremos abençoados por
Deus como o foi o santo velho Tobias, que recebeu cem por um nesta vida e a
glória eterna na outra.
Os primeiros cristãos eram observantes do preceito
da caridade e entregavam aos Apóstolos o supérfluo, para que distribuíssem aos
necessitados. Os Atos dos Apóstolos lembram com reconhecimento a Tabita,
senhora piedosíssima, que empregava em boas obras tudo quanto tinha, socorrendo
os indigentes; e foi ressuscitada por S. Pedro como prêmio de suas virtudes. Os
pagãos pasmavam, ao ver a união e a caridade que reinavam entre os cristãos e
diziam uns aos outros: — Vede como se amam! — É célebre o exemplo de S.
Pacômio, o qual se converteu ao cristianismo admirando a caridade fraterna que
reinava soberana entre os prosélitos de Jesus Cristo.— " Uma religião que
dá tais preceitos, disse ele, por certo que é divina"— e abraçou-a.
Na ordem da criação, o rico é o tesoureiro do
pobre, obrigado a prover às suas necessidades. Deus o favoreceu com riquezas,
não para que as malbaratasse e gozasse a seu talante, mas para que socorresse
os infelizes. Jesus Cristo ordenava que o supérfluo seja dado de esmola. Deve,
pois, o rico dar muita esmola. Podia Deus distribuir igualmente os bens da
terra e sustentar todos os homens como faz com a erva do prado, o lírio do
campo, a árvore da floresta; invés, quis as desigualdades sociais, ordenando
que uns auxiliassem os outros.
4 comentários:
Verdade devemos buscar a caridade e muito gratificante
Louvado seja Nosso Senhor que nos conduz por sua bondade e misericórdia!
Amen!
GRATA
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Em breve lhe darei um retorno, porém se o seu comentário for ofensivo infelizmente terá que ser ignorado, pois aqui não é local para ataques aos ensinamentos seculares da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Aqui o leitor pode estudar para conhecer a beleza e sabedoria do Catolicismo. Salve Maria!