Pe. Thiago Ecker
Edição de 1925 - 285 págs
Prefácio
Desde
muito tempo fez-se sentir nas escolas e nas famílias católicas a falta de uma “Bíblia" que unisse em si com a integridade relativa do original, na brevidade mais possível,
a beleza sublime do texto autêntico.
Os
protestantes espalham sem critério o texto completo dos Livros Sagrados - coisa
perigosa para os leitores que não são teólogos de vocação. O perigo não está na
“Bíblia” mesma: essa contém a palavra do Senhor, sacrossanto e infalível. A Igreja
Católica, longe de proibir a leitura do texto sagrado, apenas a sujeitou a
algumas regras necessárias. O perigo prevenido por ela (e desprezado pelos
protestantes) consiste no fato, aliás muito natural, de não terem todos os
fiéis, e menos ainda outros, tido a ocasião de adquirir as ciências necessárias
para que possam ler, sem perigo de errar a sua interpretação, os livros santos.
Deus confiou o tesouro da sua revelação à Igreja, obrigando essa a ensinar a
sua palavra a todas as criaturas e prometendo-lhe a assistência do Espírito
Santo.
“Quem
não quiser ouvi-la, seja considerado como um pagão”. (Mat. XVIII, 17). Por
conseguinte, a Igreja, em vez de sigilar os livros santos, nada mais
ardentemente deseja do que vê-los conhecidos de todos na sua divina beleza e
verdade. Mas, como não é uma diminuição da liberdade humana indicar a estrada
ao imperito estrangeiro, para que não se engane - ou comentar com ciência uma
obra não comum, p. ex. a Divina Comedia de Dante - assim não pode ser chamada “estreiteza”
a prudente regra da Igreja Católica proibindo aos simples fiéis ler os livros
sagrados sem um comentário aprovado por ela. É imprudência, para não dizer
falta da mais elementar inteligência das realidades, por parte dos heréticos,
quando distribuem indiscretamente a Bíblia a pessoas de todas as condições.
Profanam deste modo a palavra de Deus, em lugar de espalhá-la, expondo-a ser
mal interpretada e a provocar erros e perturbação de consciência, em vez de derramar
divina luz e paz nas almas.
A
Sagrada Escritura, sendo na sua totalidade muito difusa e volumosa demais para
ser lida com o proveito desejado por todos, a Santa Igreja sempre autorizou os compêndios
de “Histórias Sagradas”, para, deste modo, ao menos trazer ao conhecimento dos
fiéis as principais verdades da Religião contidas nos livros santos. - Esses tais
“compêndios”, por mais bem feitos que sejam, nunca rendem aquela inestimável unção
e penetrante simplicidade da divina palavra, como fica conservada no texto
original. Para remediar a este defeito primordial das “Histórias Sagradas”, é mister
fazer um compendio da Bíblia, deixando intacto o texto original, por uma tradução
fiel e científica - isto é: compor uma escolha dos trechos mais importantes da
Sagrada Bíblia, deixando de parte, o que sem inconveniente, pode ser omitido.
Esta ideia tão elevada quão simples foi concebida e executada com finíssimo
tino pelo R. Padre Ecker. O douto e piedoso Professor do Seminário de Trèves
escolheu as narrações essenciais da Sagrada Escritura, conservando na tradução
toda a força e beleza do primeiro texto - ligando-as apenas entre si, mas de
modo tão delicado que a sua mão fica invisível. E' por esta razão que o autor
não chamou o seu livro "História Sagrada", mas "Bíblia das Escolas” - é a Bíblia
adaptada às escolas.
A
Bíblia, assim apresentada ao povo católico, foi abençoada pelo S. Padre num
Breve especial dirigido ao R. P. Ecker e aceita desde o seu aparecimento em
todos os países, com tão extraordinário favor que logo foi traduzida em quinze
línguas. Os sábios mais eminentes tiveram por honra fazer conhece-la ao público
católico nos diversos países: como, p. ex., o R. P. Brucker, S. J., na França, e
o R. P. L. Murillo, S. J., na Espanha.
O
ilustríssimo Episcopado brasileiro não tardou em reconhecer todas as vantagens
da “Bíblia das Escolas” e, desejoso de introduzi-la em suas dioceses, conseguiu
que o Exmo. Sr. Bispo do Maranhão, D. Francisco Silva, se encarregasse da tradução
portuguesa, tradução feita, inútil é dizê-lo, com a competência sem igual que
todos lhes conhecem. Sua Exma. soube admiravelmente conservar a singeleza de linguagem bíblica e adaptá-la, sem artifício e afetação, ao gênio
da língua pátria.
Além
das prerrogativas fundamentais já mencionadas, outra qualidade aumenta o valor
da obra do R. P. Ecker: a ilustração artística do texto. Uma profusão de
desenhos finíssimos, de reproduções de plantas, cartas e esboços põem muito em
relevo o texto e facilitam a sua compreensão. Imagens, iniciais, vinhetas não
são criações de fantasia, como estamos habituados a vê-las em publicações congêneres;
- elas elevam e correspondem à realidade mais ideal da vida, são de natural
concepção e de arte castigada na forma. As imagens são tão vivas que o espírito
infantil será profundamente penetrado dos sentimentos expressos pelas
personagens sacras. Os desenhos simbólicos, ornando com tanta discrição, as iniciais
ou vinhetas, oferecem um verdadeiro prazer artístico. Espalhadas em todo o
livro, as reproduções de objetos da história da civilização, de cartas geográficas
e de objetos de ciência natural, concretizam na fantasia juvenil a leitura e
excitam sem esforço um verdadeiro interesse. De tudo se deve concluir que uma
mão experimentada tem ordenado tudo de um modo incomparável.
A
“Bíblia das Escolas”
incontestavelmente ocupa entre os livros didáticos modernos e aperfeiçoados o
primeiro lugar e leva a palma. Tê-la feito traduzir em português faz honra ao
ínclito Episcopado do Brasil. Possa o fruto que se espera deste livro
corresponder às graças divinas escondidas sob o véu da palavra humana e aos
esforços generosos de todos os que para ele colaboraram.
P.O.O.
2 comentários:
Vou ler quando puder ter um tempo, agradeço ao blog estou estudando bastante e tenho muito ainda a ler com tantos livros.
Boa Noite, Matheus!
A vida do católico deve ser um estudo constante e espero que vc encontre aqui o material necessário para crescer nas virtudes e amar a Deus cada vez mais,
Saudações!
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Em breve lhe darei um retorno, porém se o seu comentário for ofensivo infelizmente terá que ser ignorado, pois aqui não é local para ataques aos ensinamentos seculares da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Aqui o leitor pode estudar para conhecer a beleza e sabedoria do Catolicismo. Salve Maria!