Esquemas de provas bíblicas sobre Fé, os Sacramentos, os Novíssimos, os Mandamentos e a Oração, segundo os Tratados de Teologia e o Catecismo Romano
Cônego Lourenço Cavallini
Edição de 1966 - 200 págs
“... Não existe, pois a
Bíblia como tal, como sendo Palavra inspirada por Deus, sem a Tradição Oral que
nos prove e testemunhe perenemente ser Deus o Principal Escritor de todas e
cada uma das partes das Sagradas Escrituras. A Tradição Oral prova e movimenta
a inspiração escrita da Bíblia. Ajuda muito observar que é próprio do homem o
falar, e, por conseguinte, o escutar, o ouvir também. Mas é convencional o escrever e o ler, como nos atestam os
milhões de analfabetos, entre nós e no mundo inteiro. Sobrenatural e psicologicamente
é uma verdade inconteste que: “a Fé entra pelo ouvido.” (Rom 10, 17). Logo, a
obrigação de ouvir, o dever desta audição é tão grave e divino, quanto é divina
e grave a ordem de pregar a mesma Palavra de Deus, POIS DEUS NÃO FAZ NADA
INÚTIL. Em primeiro lugar, pois, ouvir, e, em segundo lugar, se possível, ler.
Nem mais, nem menos. É preciso, primeiro ser instruído por outrem, devidamente
autorizado, para que, em segundo lugar, a leitura seja possível e proveitosa, e
não inútil, ou pior ainda, perniciosa, como a experiência nos atesta na
história de todos os erros, por exemplo, dos espíritas, que tendo sempre nos
lábios a Bíblia, no que Ela tem de mais lindo: a Caridade, negam abertamente
TODOS OS MISTÉRIOS da Fé.
Nos Atos
dos Apóstolos 8, 26-39, lemos um exemplo frisante da necessidade de alguém ser instruído
por outrem: Felipe, ouvindo o enviado da rainha da Etiópia ler o profeta
Isaias, lhe perguntou: “Compreendes o que lês?” A resposta veio rápida: “Como
poderei compreender, SE NÃO HOUVER ALGUÉM QUE ME EXPLIQUE ISTO?” Então, Felipe
explicou a passagem de Isaías, antes ininteligível ao etíope; em seguida, o
batizou. Isto se repete, desde N. S. Jesus Cristo até nós mesmos, ao
aprendermos, em pequenos, sem nunca termos lido a Bíblia, crendo firmemente o
que nos era ensinado pulo Sacerdote, por nossos pais, catequistas e professores
de Religião. Mais uma vez repetimos: pela sobrenaturalidade da Religião, pela
Revelação Divina, pela exigência natural da inteligência humana, somos todas,
sem exceção, ensinados pelos outros. É o que, na prática, fazem igualmente
nossos irmãos separados, em suas escolas dominicais. Cada seita protestante
ensina seus possíveis fiéis, conforme um modo de encarar a Bíblia, com modificações
substanciais as mais variadas, diversas, contrárias e contraditórias. Cada
seita ensina conforme pensa, assim e assim, e tem a própria explicação que é
pregada de viva voz. Logo, todas elas admitem igualmente, praticamente, apesar
de negarem, da boca para fora, que existe a famosa tradição oral. E para que
esta tradição oral não se desvie nas pregações, existem os catecismos protestantes.
Não é tradição a explicação luterana, ou calvinista, e todas as demais?
Evidentemente que sim. Tanto é verdade, que, se alguém não admitir tal e qual
interpretação, se afasta e vai fundar uma nova e distinta e original religião,
com novo rótulo e... alguma peregrina mudança substancial na doutrina. Eis a
suma necessidade de provar que a Bíblia é Palavra Escrita de Deus e de resumir
doutrina de páginas tão vastas. Nem sequer vamos nomear aqueles protestantes
que não mais admitem a Bíblia como inspirada por Deus.
Os critérios internos da Bíblia
não provam mas simplesmente comprovam o testemunho ininterrupto da Tradição
Oral que nos ensina a inspiração divina das Sagradas Escrituras. Aliás, a própria
Bíblia nos diz que, primeiro, a doutrina foi pregada, e só depois de ter sido
pregada é que os Livros Sagrados foram escritos. Cristo não mandou os Apóstolos
escrever livros, mas pregar de viva voz. Assim a Bíblia é posterior à Tradição
Oral, se bem que sejam ambas de igual inspiração e autoria divinas, portanto de
igual valor. Finalmente, a coleção total e inteira e pormenorizada dos muitos
livros que compõem a Bíblia, isto é, o catálogo de todos e cada um dos Livros
Sacros, com todas e cada uma de suas partes, só e unicamente a Tradição nos
pode ensinar infalivelmente, pois, NA PRÓPRIA BÍBLIA NÃO EXISTE TAL PRECIOSÍSSIMO RELATO.
Concluímos e repetimos,
duas são as fontes da Fé: a Bíblia e a Tradição, cuja origem é Deus.
Concluímos igualmente que
não existe sequer a possibilidade de interpretação particular, singular,
individual, personalística, em assunto o mais grave, importante e universal,
como nos ensina o primeiro Papa, 2Pe 1,20-21: "atendendo antes de tudo a
isto: que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação particular. Porque a
profecia nunca foi dada pela vontade dos homens, mas os homens santos de Deus
falaram inspirados pelo Espírito Santo”. Antes já havia dito: “Pelo poder de
Deus sois guardados, mediante a fé, para a salvação.” 1Pe 1,5.
Muito bem nos diz o
Catecismo Romano, proêmio § 5: “Nós nos apoiamos na admirável promessa de Nosso
Senhor, que afirmou ter lançado os alicerces de sua Igreja, com tanta firmeza, que
as portas do inferno jamais prevaleceriam contra ela.” Fugir desta Tradição é
naufragar na fé....”
Cônego Lourenço Cavallini
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