Meditação sobre o Mundo Interior
Alceu Amoroso Lima
ORELHA do LIVRO
Eis um dos mais harmoniosos e dos
mais profundos livros de quantos escreveu ALCEU AMOROSO LIMA, o grande crítico
literário que se superou em filósofo autêntico e se realizou em líder
intelectual, cuja influência é a maior já alguma vez exercida por um pensador
em nossa pátria, pois se estende ao longo de quatro gerações e numa área de
atividade que tudo compreende, desde a política e a economia até a vida
espiritual mais intensa, a contemplação e a ação religiosa.
Meditações sobre o mundo interior não
é livro feito de recortes e, se apareceu antes em jornal, foi sob a forma de
capítulos, já elaborados dentro de um plano intencional de unidade. A obra está
submetida a uma rota fielmente seguida e a um ritmo que se vai tornando cada
vez mais intenso, à medida que as páginas se sucedem. De começo, o Autor
fala-nos dos obstáculos que se antepõem, em nossos dias, à realização do mundo
interior. São eles representados pelo liberalismo e a licenciosidade, duas
corruptelas da verdadeira liberdade, que deve ser defendida como um dos bens
supremos do nosso mundo interior; pelo moralismo, que se exprime na primazia
das obras, na preeminência da operação sobre o ser, do Ethos sobre o Logos; pelo
filosofismo, diminuição da filosofia sob a aparência de a elevar; pelo
politicismo, que asfixia a vida interior, enquadrando o homem em instituições
onipotentes como o Estado ou em limites instransponíveis como a Sociedade; e
pelo economismo, que reduz o homem a um autômato, a uma coisa, a simples
instrumento de uma coletividade.
A vitória contra semelhantes
obstáculos só se obterá através da restauração dos direitos do mundo interior,
o que depende de um tríplice condição: de uma reta concepção da divindade, que
se oponha a um tempo, ao deísmo, ao panteísmo e ao ateísmo; da harmonia
psicológica ou da sã hierarquia dos três momentos capitais de nosso contato com
o mundo, tanto exterior como interior - a inteligência, a sensibilidade e a
vontade; e do meio ou das condições que cercam o nosso corpo e o nosso
espírito, o alheio, o outro, o não-eu, notas indispensáveis ao nosso perfeito
movimento interior.
Estabelecidas assim as exigências
para a expansão livre da vida de intimidade da pessoa. ALCEU AMOROSO LIMA fala
dos fundamentos do mundo interior: o Silêncio, a Solidão e a Santidade. São os
quatro capítulos centrais da obra, e os mais belos. Por isso, não lhe
anteciparemos o conteúdo, a fim de que o leitor experimente, em plenitude o seu
sabor.
Após referir-me às conseqüências da
vida interior bem vivida - ela aguça a sensibilidade, alarga a inteligência e
fortalece a vontade - o autor como que deixa transportar pela inspiração de
algumas constantes de sua própria meditação, escrevendo, então, sobre a oposição
presença-ausência, propriedade acidental do ser que a vida interior permite
sentir, conhecer e querer, três capítulos que, por si só, bastariam para
colocá-lo ao nível dos maiores filósofos de nosso tempo. E o tom de vivência e
profundidade é mantido até o final da obra, mesmo quando, num esforço por
retomar a exposição quase racional, ALCEU AMOROSO LIMA tenta expor, mas na
verdade transmite ao leitor e faz que este viva com o autor a Sabedoria da vida
interior a quatro dimensões: a evocação ou passado, a antecipação ou futuro, a
profundidade ou meditação, a elevação ou prece.
Mas diríamos uma falsa idéia da obra
se não acrescentássemos que é livro para todo gênero de leitores, qualquer que
seja o grau de conhecimento de cada um, pois a cultura e a experiência que lhe
servem de alicerce estão de tal modo assimiladas, que o prazer intelectual de
sua leitura é superado pelo consolo e edificação que proporcionam as reflexões
íntimas, as comparações, os exemplos da vida cotidiana, que entretecem suas
páginas.
A
verdade é que estas Meditações sobre o mundo interior desvendam-nos, sem que o
autor de certo o procurasse ou o desejasse, o mistério do êxito de sua própria
vida e da fecundidade de sua atuação. Quem soube, com tal minúcia e de modo tão
amplo, descrever o mundo interior, sua natureza, suas condições, suas
conseqüências, suas dimensões, seguramente já o realizou em si, através do
Silêncio, da Solidão e da procura humilde, tenaz e constante da Santidade. E
assim tem podido levar aos outros o fruto de sua intimidade com a Sabedoria.
~ *~
Í N D I C
E
Explicação
Cap. 1º -
Liberalismo
Cap. 2º -
Moralismo
Cap. 3º -
Filosofismo
Cap. 4º -
Politicismo
Cap. 5º -
Economismo
Cap. 6º -
O Hóspede
Cap. 7º -
Equilíbrio
Cap. 8º -
O Meio
Cap. 9º -
Silêncio - I
Cap. 10º -
Silêncio - II
Cap. 11º -
Solidão
Cap. 12º -
Santidade
Cap. 13º -
Consequências
Cap. 14º -
Ausência
Cap. 15º -
Presença - I
Cap. 16º -
Presença - II
Cap. 17º -
Sabedoria
Cap. 18º -
Saudade
Cap. 19º -
Futuro
Cap. 20º -
Meditação
Cap. 21º -
A Oração implícita
Cap. 22º -
A Oração explícita
Um comentário:
Deve ser lindo esse livro.
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