Franz Werfel
Tradução de Marina Guaspari
Edição de 1953 - 372 págs
Nos últimos dias de junho de
1940, após a, derrocado, da França, abandonando o nosso domicílio, chegamos a
Lourdes, no sul do país. Nós, eu e minha, mulher, pretendíamos alcançar
oportunamente Portuga, através da fronteira espanhola. Como, porém, as autoridades
consulares nos negaram os vistos necessários, na, noite em que tropas alemãs ocupavam a cidade fronteiriça, de Hendaya, não
nos restou senão — e com grande dificuldade — procurar um abrigo no interior da
França.
O departamento dos Pireneus convertera-se
num fantástico acampamento do caos. As multidões desse êxodo singular vagueavam
nos caminhos, abarrotavam cidades e aldeias; franceses, belgas, polacos, holandeses,
tchecos, austríacos, alemães exilados misturavam-se com os soldados do exército
vencido. Mal havia com que saciar a fome. E em parte alguma se encontrava
pousada. Quem lograva conquistar uma poltrona, para passar a noite, era objeto
de funda inveja. A falta de combustível imobilizava longas filas de autos de
fugitivos, transbordantes de utensílios domésticos, de colchões, de camas.
Em Pau, uma família do lugar
informou-nos que Lourdes era o único sítio onde uma pessoa favorecida pela sorte
podia talvez conseguir abrigo. Como a famosa cidade ficava apenas a uns trinta
quilômetros, aconselharam-nos a tentar a aventura e bater-lhe às portas.
Seguindo o alvitre, encontramos finalmente hospedagem.
Foi assim que a Providência me
encaminhou para Lourdes, de cuja história maravilhosa eu tivera, até aí, uma
noção bem superficial. Passamos várias semanas, escondidos nessa cidade dos
Pireneus. Foi um período angustioso, mas ao mesmo tempo de suma significação
para mim, pois ali tomei conhecimento da história extraordinária da jovem
Bernadette Soubirous e da prodigiosa veracidade das curas de Lourdes.
Um dia, na minha aflição, fiz
uma promessa; se conseguisse sair dessa situação desesperada e alcançar a costa
salvadora da América, o meu primeiro trabalho seria cantar, melhor que pudesse, a canção de Bernadette.
Este livro é uma promessa
cumprida. No nosso tempo, um canto épico só pode assumir a forma dum romance. A “Canção de Bernadette” é
um romance; não, porém, uma obra de ficção. Diante dos fatos, que nela se
narram, o leitor desconfiado poderá, com toda a razão, perguntar — como
outrora, ante a epopeia histórica:
— É verdade ou invenção?
E eu respondo:
— Os fatos memoráveis, que
formam o conteúdo deste livro, aconteceram realmente. Como o princípio deles
remonta só a oitenta anos atrás, desenrolaram-se em plena luz da História, e a
sua veracidade é atestada por fautores e adversários, bem como por observadores
desapaixonados. A minha narrativa em nada altera essa verdade. Tomaram-se apenas
em consideração os direitos da liberdade poética, onde a obra de arte exigia
certas condensações cronológicas, ou quando importava arrancar à matéria a
centelha da vida.
Ousei cantar a canção de
Bernadette, embora não seja eu católico e sim judeu. Deu-me ânimo para este
empreendimento um voto bem antigo e muito mais instintivo: já quando compunha
os meus primeiros versos, eu jurava a mim mesmo glorificar, sempre e por toda
parte, mediante os meus escritos, o mistério divino e a santidade humana — a
despeito da época, que se desvia com escárnio, raiva e indiferença desses valores
supremos da nossa existência.
Los
Angeles, maio de 1941.
Franz Werfel
~ * ~
Um preâmbulo pessoal
PRIMEIRA SÉRIE
Evocação
do dia 11 de Fevereiro de 1858
SEGUNDA SÉRIE
"Queira
a Senhora ter a Bondade"
TERCEIRA SÉRIE
A
Fonte
QUARTA
SÉRIE
As
Sombras da Graça
QUINTA
SÉRIE
O
Mérito da Dor
3 comentários:
Olá eu gostaria de saber se vocês têm livros de orações antigas para o dia a dia Queria muito um livro de oração para ficar recitando as orações
Olá eu gostaria de saber se vocês têm livros de oracao antigos para recitar
Salve Maria, Thiago!
http://alexandriacatolica.blogspot.com.br/2016/06/obra-que-reune-as-oracoes-do-apostolo.html
Saudações!
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