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22 março, 2021

Raridade ➔ Breviarium Romanum ➔ 1888

 
Breviarium Romanum
Edições de 1888

O que é um Breviário Romano?

Breviário é uma categoria de livro litúrgico que contém o texto e as "rubricas" (instruções) das horas canônicas (ou ofícios divinos) católicas de todos os dias do ano. Possui a designação breviário em decorrência da reunião dos distintos livros usados na Idade Média, mas assim mesmo é tão grande que costuma ser dividido em quatro partes, nomeadas de acordo com as estações do ano a que se referem (no hemisfério norte, onde surgiu o cristianismo): pars hiemalis (parte do inverno), pars verna (parte do primavera), pars æstiva (parte do verão) e pars autumnalis (parte do outono).

Para o musicólogo, a grande utilidade do breviário é apresentar todos os textos das horas canônicas com a ortografia, pontuação e forma oficiais, pois os manuscritos de música sacra possuem frequentes imprecisões, erros, variantes e confusões, não se preocupando muito com todos os aspectos formais do texto. Além disso, nos manuscritos musicais é comum a omissão dos trechos cantados em canto gregoriano pelo sacerdote ou pelos capelães, o que causa a falsa impressão da falta de texto, impressão essa que pode ser facilmente corrigida pela consulta do breviário. Como uma boa edição, catálogo ou qualquer projeto referente à música sacra requer o uso das formas oficiais do texto latino, a consulta das fontes litúrgicas, como o breviário, torna-se fundamental.

O Concílio de Trento, que instituiu a primeira grande reforma do breviário e determinou sua unificação no mundo cristão, permitiu que os breviários de ordens ou dioceses que existissem há mais de 200 anos mantivessem suas diferenças em relação ao breviário romano, mas deixaremos essa história para outras postagens. A reforma tridentina do breviário romano foi iniciada por Paulo IV e concluída por Pio V em 1568, pela bula "Quod a nobis". O breviário, entretanto, foi recebendo pequenas alterações até o final do século XIX, e mais uma reforma foi promulgada por Pio X em 1º de novembro de 1911, pela Bula "Divino Afflatu", na qual este determinou uma nova tradução dos Salmos, a partir do hebraico. O breviário publicado após essa reforma, portanto, não serve totalmente para se conhecer os textos cantados em períodos anteriores ao século XX, cuidado que deve ser tomado pelos pesquisadores ao usar as versões mais recentes desse livro litúrgico.

Essas diferenças às vezes são pequenas, mas podem gerar inconsistências entre distintas versões. A frase "Spiritus quidem promptus est, caro autem infirma: fiat voluntas tua", por exemplo, que faz parte do primeiro Responsório das matinas de Quinta-feira Santa, perdeu a frase "fiat voluntas tua" nos breviários publicados a partir de 1632. Se encontrarmos essa frase em um manuscrito com música para essa festividade, isso significa que a obra foi escrita antes de 1632 ou para uma cerimônia relacionada à tradição anterior a 1632. Mas às vezes as diferenças são bem substanciais: o texto das Matinas da Conceição, por exemplo, foi substituído, em 1850, pelo texto das Matinas da Imaculada Conceição e, em 1863, substituído por um novo texto (usado até hoje), fazendo com que, em meados do século XIX, tenham circulado três textos distintos para as Matinas dessa festa...

Para um musicólogo que trabalha com música sacra antiga é imprescindível, portanto, ter um bom breviário anterior ao século XX. Se o pesquisador não tiver um exemplar em papel, indicamos a versão eletrônica de uma das mais bem cuidadas edições desse livro litúrgico, feita pelo editor alemão Friedrich Pustet em 1888.


3 comentários:

AJUDA TUDO disse...

Incrível.
Continuem com o trabalho.

Anônimo disse...

Alexandria Católica muito obrigado pelo seu grande e bondoso trabalho de expor livros da Fé Católica Romana, será que teria como vcs postarem em PDF o Breviário Romano segundo as reformas do Papa São Pio Décimo, por favor? Aguardo resposta ... vou rezar para que vcs consigam fazer isso.

Alexandria Católica disse...

Boa Tarde!

Infelizmente não poderei lhe ajudar, pois não tenho essas obras e nem condições para adquiri-las,

Saudações!

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