PREFÁCIO DESTA EDIÇÃO BRASILEIRA
As Irmãs do Bom Pastor d’Angers, desde o ano de 1890, trabalham com grande zelo no Brasil na obra de caridade por excelência: a reforma de vida daquelas pessoas que precisam de uma escola para se converterem. Esta obra, fundada por são João Eudes, no século XVII, estava reduzida após a Revolução Francesa a seis refúgios. Deus enviou então à França esta heroica mulher, que o Sumo Pontífice chama de grande, um espírito de primeira ordem, uma grande figura.
E, realmente, santa Maria Eufrásia Pelletier elevou-se a tal altura de santidade, que dificilmente alguém a atinge. “Nada lhe falta, diz Pio XI, do que se chama grandeza humana e que se multiplica indefinidamente, quando essa grandeza se consagra, não a coisas humanas, mas a coisas sobrenaturais, celestes, divinas. Nada lhe falta: nem o esplendor dos grandes e vastos pensamentos, nem os exemplos de vontade operosa e criadora. Há nela um verdadeiro talento organizador, uma força, uma perseverança de vontade constante e vitoriosa de todos os obstáculos e dificuldades, um complexo de coisas admiráveis, com as quais a Serva de Deus teria sobressaído sempre, em qualquer caminho por onde enveredasse”.
A presente biografia vai dar-nos, a nós brasileiros, o conhecimento dessa heroica fundadora, que, tendo inaugurado o Convento d'Angers em 1829, em menos de trinta e nove anos fundou 110 Conventos espalhados pelo mundo inteiro, com um capital composto só de oração, fadigas, lágrimas e perseguições contínuas.
Santa Maria Eufrásia, no seu ardente zelo de salvar o maior número de almas possível, pensou em conservar unidos à Casa d’Angers todos os Conventos, que esta viesse a fundar; daí nasceu a ideia do Generalato, que deu á Congregação do Bom Pastor uma pujança e expansão, como nunca tiveram os Refúgios. A prova é que em 1933, data da beatificação da Madre Fundadora, os Refúgios contavam apenas 46 Conventos, quando o Bom Pastor estava espalhado em 321 Mosteiros, com 8589 Religiosas, e exercendo nesse ano a sua influência salutar na educação de 80.376 pessoas.
O leitor não saberá o que mais admirar nessa glória de Deus: se o caráter franco, sentimental e encantador da santa ou a sua sábia organização, sempre certa e rápida, sempre vitoriosa na realização de seus sucessos na expansão do Instituto. Este livro terá algumas páginas bem tristes, narrando os sofrimentos desta alma heroica, nem sempre compreendida, muitas vezes contrariada, c sempre vitoriosa pelo seu forte apego a Roma, ao sumo Pontífice.
A presente edição é uma adaptação em vernáculo, tirada da edição italiana, publicada em Turim, cm 1933, por ocasião da beatificação da nova santa. E quem a escreveu é aquele que assistiu à chegada das primeiras Irmãs do Bom Pastor ao Rio de Janeiro, em 1890, e foi o primeiro sacristãozinho da humilde Capela do primeiro Bom Pastor do Brasil: a célula mater dos vários Conventos, que esta benemérita Congregação possui em vários Estados de nossa pátria.
Em apêndice, damos a conhecer a história da fundação de todos esses Conventos do Bom Pastor em nossa terra, e os Quadros sinópticos, mostrando o movimento de cada Casa.
Possam estas páginas suscitar novos benfeitores à grande Obra do Bom Pastor e esclarecer as vocações de tantas almas, sedentas de encontrar um Instituto, onde possam se santificar pela vida oculta em Deus, praticando a caridade.
Mariana, Minas, 15 de agosto de 1934.
Festa da Assunção da SSma. Mãe de Deus.
Pe. JERÔNIMO PEDREIRA DE CASTRO, da Cong. da Missão
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