Pe Matteo Crawley-Boevey, SS. CC.
Edição de 1956 - 365 págs
Trecho do Livro
POR ELE, COM ELE, NELE
Para
que se compreenda bem a imponente majestade da Missa, evocarei agora, cheio de
emoção, um gesto do celebrante que resume admiravelmente todo o ideal de
glorificação da Trindade pelo admirável Pontífice e Mediador da Santa Missa.
Parece-me que nesse momento, mil vezes sublime, os nove coros dos Anjos, toda a
assembleia dos Santos, e o Purgatório, circundando de perto o celebrante, bebem
suas palavras e ficam suspensos a seus gestos, impregnados de divina majestade.
Pouco
depois da consagração, o sacerdote, tendo na mão direita a Hóstia divina, traça
com Ela cinco cruzes sobre o Priciosíssimo Sangue, dizendo: "Por Ele, com
Ele e n'Ele, a Ti, Deus Pai Onipotente, na unidade do Espírito Santo, damos
toda honra e glória!" e, com essas palavras, eleva ao Céu a Hóstia e o
Cálice juntos.
Sublinhemos
com ardor a grandeza inexprimível desse gesto, divino entre todos...
O
próprio genial São Paulo, descendo do terceiro Céu, teria tido a eloquência
necessária para explicar-nos toda a majestade dessa fórmula litúrgica, de
infinita riqueza de significado?
Por
Ele, o Homem-Deus de Belém, do Tabor e do Calvário, realmente presente nas mãos
do padre, tal como estava presente nas mãos de Sua Mãe Santíssima...
Com
Ele, o Homem-Deus crucificado, morto e ressuscitado... que subiu aos céus e
está sentado, como Deus à direita do Pai, e a quem o Pai conferiu todo poder no
céu e na terra...
N'Ele,
o Homem-Deus, por Quem e para Quem tudo foi criado, que foi constituído Rei
imortal, e que virá sobre as nuvens do céu, como Juiz, a julgar os vivos e os
mortos...
Sim:
por Ele, com Ele e n'Ele, glória infinita à Trindade adorável e augusta!
Se
neste momento lhe fora milagrosamente revelado, em clarão divino, toda a
significação desse gesto, morreria o celebrante, não de temor, porém de emoção
e júbilo!
Somente
à Virgem-Mãe coube o insigne privilégio de antecipar-se ao padre, mediante a
oblação por Ela feita do Filho ao Pai, em Belém, no templo de Jerusalém, e no
Calvário.
Não
é, pois, exato ser a Santa Missa o hino oficial de glória, único digno da
Trindade augusta?
E
nessa ordem de ideias, saboreemos deliciosamente a magnífica estrofe desse
hino, pelo próprio Cristo ensinando aos apóstolos, e tal como Ele o canta no
Altar, pela voz e liturgia da Igreja: "Pai nosso que estais no céu... Pai
santificado seja o Vosso nome!... Pai, venha a nós o Vosso reino!... Pai, seja
feita a Vossa vontade, assim na terra como no céu!..."
Consideremos
que o orante que assim reza é o próprio Verbo Encarnado, o Filho de Deus e de
Maria Santíssima, que no Altar exalta a glória d'Aquele que é Seu Pai e nosso
Pai!
Podemos
pois afirmar que a criação do Universo, tirado do nada, é apenas pálida
centelha de glória, quando comparada à glória que Jesus, Grão-Sacerdote, rende
no Altar às Três Pessoas da Trindade augusta.
E
agora, fixos o olhar e o coração no Gólgota do Altar, façamos uma audaciosa
hipótese, legítima e verossímil criação de nossa fantasia... o próprio Senhor a
utilizou para pintar os inimitáveis quadros de Seus discursos figurados e de
Suas incomparáveis parábolas.
Suponhamos
que, desde os tempos dos imperadores romanos Augusto e Tibério, já tivessem
sido descobertos e vulgarizados os maravilhosos aparelhos de televisão, com
aperfeiçoamento ainda maior que os de hoje. (Como atualmente, diria o Pe.
Mateo). E suponhamos que César, informado por seus agentes acerca da emoção
produzida na Palestina pela prédica de Jesus, e sobre a resolução do Sinédrio
de fazê-Lo morrer, houvesse ordenado a Pilatos o envio a Roma, juntamente com
os autos do processo, de um filme do drama da crucifixão do pretenso Rei dos
Judeus.
Qual
não seria nossa indizível emoção se esse filme sonoro-visual, reprodução exata,
fotográfica, do deicídio da Sexta feira Santa, nos fosse exibido nas igrejas,
antes do Santo Sacrifício da Missa! Tal filme seria uma visão autêntica, de
ordem natural e científica, do divino drama da nossos altares. Ele nos
permitiria ouvir as sete palavras de Jesus, e também as blasfêmias pronunciadas
pelos inimigos diante da vítima adorável. Veríamos com os próprios olhos o que
viram as três testemunhas fiéis, Maria, João e Madalena, desde o meio-dia até
as três horas da tarde.
Pois
bem: infinitamente maior do que tudo isto é a maravilhosa realidade que,
através do fino e transparente véu, nos mostra a Fé, incapaz de nos enganar,
quando, bem instruídos e piedosos, assistimos ao Santo Sacrifício! o filme
teria apresentado um fato passado, tal como o santo sudário de Turim, ao passo
que a Santa Missa nos oferece uma realidade atual e presente!
Essa
mesma Missa, renovada, reproduzida, prolongada, através do tempo, constitui
essencialmente nossa Missa quotidiana... Mais uma vez insistimos: não se trata
de um belo símbolo religioso, ou de um filme admirável tirado, digamos, pelos
Anjos: trata-se da admirável e divina realidade do Calvário, exatamente
reproduzida no Altar, exceto a dor e o derramamento de sangue, pois a Vítima
eucarística é hoje impassível, porque gloriosa.
É
nesses princípios que se baseia o Concílio de Trento ao declarar que o Santo
Sacrifício realiza, antes de tudo, uma obra de estrita justiça, resgatando as
nossas faltas com o "Sangue do Cordeiro que apaga os pecados do
mundo".
É
fato verificado, de ordem sobrenatural, que o Santo Sacrifício nos salva,
aplacando a Justiça divina quando oferece, no Cálice, o preço já oferecido no
Calvário. Sem tal resgate - único adequado - não teriam remissão os nossos
delitos. Felizmente para nós, porém, Jesus morreu exclamando: "Pai,
perdoa-lhes!"
Uma
vez consumada a obra de rigorosa justiça, irrompe a misericórdia como sol
fulgurante. Firma-se a reconciliação entre o céu e a terra revoltada... Deus,
porém, exige a constante aplicação do Sangue redentor às cicatrizes de nossas
almas pecadoras, o qual, derramado outrora no Calvário, enche agora o Cálice do
Santo Sacrifício!
É
de toda conveniência salientar com nitidez a diferença entre o Gólgota de
Jerusalém e o Calvário de nossos Altares. Este é um Tabor glorioso, embora
sempre purpureado de um sangue adorável... Digo, "glorioso" pois a
Vítima que se imola é o Homem-Deus ressuscitado, vencedor da morte na madrugada
do Domingo de Páscoa.
Ao
mesmo tempo que Tabor, o Altar é também legítimo Calvário, radioso porque
revestido dos esplendores da Ressurreição.
Ah!
se não existisse o véu discreto do Mistério, nem mesmo o Santo Cura d'Ars teria
ousado celebrar o Santo Sacrifício... e Santa Teresinha de Lisieux teria
hesitado em aproximar-se da Mesa Santa, de tal modo a glória do Senhor ofusca,
aos olhos dos Anjos, o celebrante e os fiéis. Assim, graças a penumbra do
Mistério, torna-se o Altar acessível, e até convidativo, embora esteja muito
mais perto do Céu que o próprio Sinai.
Assim
compreendida, a oração oficial do Cristo Mediador durante a Missa é a única que
tem o poder de atravessar as nuvens, indo atingir e empolgar o Coração do
Pai... Esta súplica é verdadeiramente uma onipotência, pois que jorra do
próprio Coração de Jesus, Mediador todo-poderoso. É Ele mesmo quem no-lo
declara: "O Pai me ouve sempre!" Quando Ele reza, Ele ordena. Sua
palavra realiza o que pede, pois Ele é Deus! Eis porque nossa primeira oração
espontânea, nas visitas ao Santíssimo Sacramento, na adoração eucarística ou
quando fazemos adoração noturna no lar, e sobretudo quando assistimos ao Santo
Sacrifício, deveria ser sempre o "Cânon" da Missa, fórmula litúrgica
mil vezes sagrada e venerável, por seu conteúdo dogmático e por sua
antiguidade. Poderíamos desta forma unir-nos, em todas as horas do dia e da
noite, aos milhares de celebrantes que elevam, como rutilante arco-íris, a
Hóstia e o Cálice... E por meio deste tão simples impulso do coração,
realizaríamos esplendidamente o "Glória a Deus nas alturas" dos
Anjos, na noite de Natal.
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ÍNDICE
ÍNDICE
Carta de S. S. o Papa Pio XII ao Padre Mateo Crawley, por ocasião de
suas bodas de Ouro Sacerdotais
Dedicatória a todos os Apóstolos do Reinado Social do Coração de Jesus
na Espanha e América do Sul
Introdução
A ENTRONIZAÇÃO
Em
que consiste
Importância
A prática
Fatos
vividos
Carta
de S. S. o Papa Bento XV
Os
Zeladores preparam a Entronização
A
Entronização, Caminho da Graça
A
Leitura do Evangelho
Carta
de S. Em. o Cardeal L. Billot, S. J.
TEOLOGIA DO CORAÇÃO DE JESUS
Cap.
I - Doutrina e Teologia do Coração de Jesus
Cap.
II - A Revelação a Santa Margarida Maria
Cap.
III - A Entronização do Sagrado Coração de Jesus no lar
RETIRO DE APÓSTOLOS
Prática
de abertura
Conferência I. Vida de Fé
Conferência
II. Grande espírito de Fé
Conferência
II. Vida de Anjos
Conferência
IV. Amor confiante
Conferência
V. Humildade, simplicidade e abandono no amor
Conferência
VI. Abandono
Conferência
VII. A Santidade
Conferência
VIII. Ainda a Santidade
Conferência
IX. Imolação de amor
Conferência
X. Jesus no Evangelho
Conferência
XI. Jesus na Eucaristia
Conferência
XII. Apostolado
Conferência
XIII. Espírito de apostolado
Conferência
XIV. Reparação
Conferência
XV. Maria, Mãe do Belo Amor
Conferência
XVI. O Primeiro Ministro do Rei de Amor
REINADO SOCIAL DO REI DE AMOR
A
Doutrina e a Festa da Realeza de Nosso Senhor
em relação à Cruzada da Entronização
em relação à Cruzada da Entronização
O SANTO SACRIFÍCIO DA MISSA
Introdução
O
Sacrifício
Por
Ele, com Ele, n’Ele
A
Santa Comunhão
O
Cálice de Salvação
Saibamos
amar!
O
Paráclito
Conselhos
práticos
A
Santíssima Trindade
BETÂNIA — SACRÁRIO
A
Adoração noturna no lar
Semente Arbusto
Arvore frondosa
O
Mestre adorável pede consolo!
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Em breve lhe darei um retorno, porém se o seu comentário for ofensivo infelizmente terá que ser ignorado, pois aqui não é local para ataques aos ensinamentos seculares da Santa Igreja Católica Apostólica Romana. Aqui o leitor pode estudar para conhecer a beleza e sabedoria do Catolicismo. Salve Maria!