Cartas de um Condenado
Cartas da prisão de Jacques Fesch, guilhotinado aos 27 anos
A.-M. Lemonnier
Edição de 1978 - 147 págs
A pedido da editora que adquiriu os direitos autorais da presente obra, ela foi retirada do blog.
Sua história é
um exemplo maravilhoso de que é possível uma conversão sincera, um
arrependimento verdadeiro e de que, mesmo tendo-se cometido pecados graves, uma
pessoa pode vir a se santificar pela confiança em Deus, pelo reconhecimento da
infinita misericórdia divina, pela humildade, pela oração, pela contrição
perfeita de seus pecados e pelo oferecimento a Deus de todas as suas penas e
sofrimentos como forma de expiá-los. Sua história é muito edificante.
Existem autobiografias que
sensibilizam milhares de leitores pelo sensacionalismo das aventuras vividas.
Alguns desses livros conquistam rapidamente a celebridade e seguem além,
transformando-se em filmes de retumbante sucesso.
CARTAS DE UM CONDENADO talvez
não atinja semelhante êxito. O autor jamais pensou em escrever este livro. Ele
resultou da compilação de sua correspondência com amigos e parentes, durante
três anos de luta pela sobrevivência numa cela de Santé, célebre prisão de
Paris. Nesse período, despertou-se-lhe a fé, há muito adormecida. Fé que
cresceu com sua conversão, vivificou-se interiormente e, passo a passo,
conduziu-o por ásperas veredas no ascendente caminho da ascese, até atingir os
cumes da mística.
Nesse itinerário não faltou a
aventura de quem busca libertar-se das malhas e falhas de uma educação
defeituosa, de uma pesada herança hedonista e da própria deterioração moral,
até sentir-se espiritualmente emancipado. Foi então que teve a maravilhosa
experiência os eleitos, ao ouvir nitidamente a voz do Senhor a lhe dar a
serenidade e o destemor com que encarou a morte, aos 27 anos!
Caros amigos
Apresento-lhes um documento
extraordinário. Primeiramente por ser muito raro, já que contém as cartas de um
condenado e, depois, porque a densidade destes textos atinge um grau
dificilmente igualado.
Com A. M. Lemonnier agradeço à
Sra. Fesch a permissão de publicarmos este testemunho impressionante.
Tomo a liberdade de dizer à Srta.
Fesch, a pequena Verônica agora já moça, que não deve envergonhar-se do pai.
Pelo contrário, leia suas cartas com orgulho. Este pai misterioso de quem não se
lembra mais, dá-lhe o mais terrível, porém o mais belo dos testemunhos. O de um
homem que teve a coragem de resistir à mais atroz das tentações: a do desespero. O de um homem que acreditou
na força todo-poderosa do Deus-Amor, diante de quem nenhuma falta pode resistir
e por quem a própria morte é vencida, por mais dura que seja.
Cara Senhora, cara Senhorita, seu
marido, seu pai, está perto do Senhor - tenho certeza. Dá-lhes, se quiserem
aceitar, o que nunca lhes poderia ter dado na terra: um amor novo, regenerado e
transfigurado pelo próprio Amor do Crucificado.
E vocês, meus amigos, sei que
lerão rapidamente estas páginas. Vão querer saber como Jacques morreu. Se lerem
muito depressa, peço-lhes que voltem atrás e releiam calmamente algumas das
cartas. Do contrário, perderão grandes riquezas. Jacques teve, muitas vezes, o
dom de dizer em poucas palavras, em algumas frases muito densas, o fruto de um
progresso interior, de uma extraordinária experiência espiritual. Se souberem
parar, meditar, rezar, aprenderão melhor do que por sábios raciocínios que Jesus
Cristo está presente nos corações sofredores; e, sejam quais forem nossas
faltas, ele está pronto para nos dominar amorosamente, entregando-nos a alegria
sem fim. Aprenderão que qualquer vida
merece respeito, seja qual for sua aparência diante dos homens; e, se
aberta ao Amor, pode se tornar força de Redenção para toda a humanidade.
Repito, estes textos são autênticos.
Nestas cartas de Jacques Fesch não mudamos os nomes das pessoas nem dos
lugares. O apresentador apenas tomou a liberdade de melhorar algumas construções
de frases, de substituir algumas palavras cujo sentido não era bastante compreensíveis.
E colocamos em destaque algumas passagens essenciais, a nosso ver.
Caros amigos, sinto-me feliz por
lhes proporcionar a leitura dessas cartas; certamente lhes ajudarão a encontrar
o único Salvador. Rezo por vocês. por nós.
Por Jesus, o crucificado, peço a
Jacques, o guilhotinado:
ensine-nos a carregar nossos pecados,
ensine-nos a sofrer,
ensine-nos a morrer.
MICHEL QUOIST
Um comentário:
Que pena!
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